
@elepesdegal
levando os elepês de Gal para passear…
2011 – “Levando os elepês de Gal para passear,,,” foi um processo aberto performático e relacional que teve duração de 7 meses: de 27 de maio a 11 de dezembro de 2011. A ação surgiu durante pesquisa acadêmica sobre performance, arte relacional e objetos afetivos na produção e realização de artigos acadêmicos somente pela oralidade, com registros apenas fotográficos. Levar os elepês de Gal para passear nas ruas, por onde quer que eu fosse, permitia analisar o tema de pesquisa à exaustão, pelas questões trazidas nas conversas com transeuntes, comentários pela internet e participação de pessoas em várias cidades do mundo, repetindo a ação e mandando fotos com depoimentos. Parte das capas dos discos de Gal foram feitas por artistas que deram a identidade visual da tropicália como Hélio Oiticica, Rogerio Duarte e Edinizio Ribeiro, artistas referentes para nossa geração. Com o tempo e a participação intensa das pessoas, esse primeiro capítulo do artigo que nunca será escrito, perde espaço para recordações das músicas daqueles discos, dos próprios discos enquanto objetos afetivos de outra época, e de Gal como musa inspiradora e referência para várias gerações. A ação teve sua finalização com chamada coletiva no MAM BA em 11 de dezembro de 2011.
2012 – Primeira instalação realizada para a exposição “10 anos de arte contemporânea na Bahia” no Goethe Institute ICBA e Primeira exposição individual na Galeria ACBEU BA.
2013 – O trabalho representado por uma instalação com fotos e discos, recebe o prêmio do Salão Regional da Bahia em Feira de Santana.
2014 – Levando os elepês de Gal participa da 31 Bienal de São Paulo na instalação Casa de Caboclo. A bienal seguiu em itinerância em 2015 nas cidades de Belo Horizonte e Cuiabá.
2015 – Performance no sesc Pantanal MT durante dois dias no borboletário.
2016 – Exposição individual em Moscou com participação de artistas locais reinventando os passeios com os elepês de Gal na capital russa e exibida na Galeria Solyanka sobre performances de longa duração.
2018 – Exposição e residência artística na Casa da Luz SP
2019 – Exposição Casa de Caboclo Av São João SP
2019 – Primeiro ano do Bloco de Carnaval no circuito oficial de São Paulo na Estação da Luz.
2020 – Segundo ano do Bloco de Carnaval em São Paulo.
2021 – Durante a pandemia, realização de lives contando as histórias de 10 anos de processo na Bahia até o bloco de carnaval em São Paulo. As fotos de 2011 postadas em ordem cronológica no instagram @elepesdegal como revivência virtual diária de comunicação do blog à rede social.
2023 – Exposição em processo a ser realizada no Museu da Imagem e do Som de Santos, MISS
Retomada do carnaval pós pandemia, o Bloco desce para a Baixada Santista.




















Texto crítico do pesquisador Zmário
Salvador, setembro de 2012
Levando os elepês de Gal para passear…, produção do artista visual Arthur Scovino, se apresenta como uma das mais recentes e inovadoras expressões da arte contemporânea da Bahia. Scovino nasceu no Rio de Janeiro e decidiu viver na capital baiana pela paixão que sempre nutriu por estas terras e pelo contexto histórico-cultural aqui forjado.
Obra caracteristicamente contemporânea onde arte e vida fundem-se a cada passeio com os elepês da cantora Gal Costa, a ação Levando os elepês de Gal para passear… “consiste basicamente em algo que não cabe em mim sozinho (Scovino)” e por isso mesmo foi compartilhada através de convites para inter-AÇÕES diversas (Estética relacional, Nicolas Bourriaud), em diferentes lugares: Escola de Belas Artes da UFBA, praças e ruas de Salvador, São Paulo, Rio de Janeiro, Argentina, New York, Portugal, interior da Bahia, interior de nossas casas e tantos outros espaços.
O performer atualiza o conceito de performance art e até mesmo o de performance expandida quando apresenta elementos próprios de seu universo criativo/afetivo em desdobramentos diversos e simultâneos – fotografias, videoarte, pinturas, desenhos, esculturas, instalações, arte digital, música, literatura, outros – num trânsito entre o real e o virtual. Durante os sete meses de passeios com os vinis (entre maio e dezembro de 2011 quando Gal Costa lançou seu recente álbum Recanto), os limites entre público e privado; artista e cidadão comum; sujeito e objeto foram redimensionados pelo criador e demais internautas que pass(e)aram pelo seu blog totalizando, aproximadamente, 25.000 acessos.
Nesta Sociedade do Espetáculo (Guy Debord), a “profecia dos quinze minutos de fama” propagada pelo artista pop Andy Warhol é cumprida nos reality shows da TV e na rede mundial de computadores. Quando acessarmos as imagens de Scovino com seus elepês, durante um “rolé virtual”, partiremos da esfera ordinária da vida em direção a um universo poético ímpar onde a comunicação humana e a presença “perform-ATIVA” do outro são imprescindíveis para a construção de uma arte viva, aos vivos, no aqui e agora.
Enquanto Gal segue nos “en-cantando”, Yemanjá, da Baía de Todos os Santos, esboça um sorriso e dá as boas-vindas à poesia de Arthur Scovino.
José Mário Peixoto Santos – Zmário. Performer e pesquisador da linguagem artística Performance. Mestre em Artes Visuais (Teoria e História da Arte) pelo PPGAV-EBA-UFBA.